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Surge uma Ideia
Em julho de 2021 fui convidado para participar da tradicional Volta a Ilha de Vitória, tradicional prova que ocorre no Espirito Santo, disputada por canoas havaianas, surfskis, barcos de remo olímpico e que, pela primeira vez na história, contaria com a participação do remo costal.
Empolgado por poder participar da primeira competição de remo de mar no Brasil e ainda usando meu próprio barco, e pela possibilidade de mostrar ele para mais pessoas, dirigi os 1000km entre São Paulo e a capital do Espírito Santo carregando o Berck Coastal Solo na carreta.
Ao chegar tive uma surpresa ainda mais feliz, no dia seguinte a Volta a Ilha, seria realizada a 1ª Taça Espírito Santo de Remo de Praia, primeira regata oficial de remo de mar no Brasil, organizada pela Federação de Remo do Espírito Santo (FEARES) e pela Confederação Brasileira de Remo (CBR) e fui convidado para competir nas duplas mistas com minha amiga Manjuba.
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Para minha surpresa, mesmo não estando 100% fisicamente, consegui sair com a vitória nas duas competições o que fez com que aquela ideia que havia surgido em 2019, após o mundial de remo de mar em Hong Kong, de participar do próximo mundial e que parecia muito distante devido a pandemia, começasse a tomar forma.
Contra todas as Probabilidades
Empolgado com os resultados, comecei a ir em busca da vaga no mundial, que no começo parecia bem improvável. Além do pouco tempo restante para treinar ainda precisaria da liberação da CBR, conseguir organizar toda a viagem e o mais difícil de tudo: conseguir autorização para entrar na Europa, vindo do Brasil, durante um período de pandemia e sem ter sido completamente vacinado.
Apesar de parecer muito difícil, decidi que valeria a pena, e após uma conversa com meu treinador Acácio, do Clube de Regatas Bandeirante, montamos uma planilha de treinos de 12 semanas onde chegaria no auge para a regata em Portugal no final de Setembro.
Seguia os treinos da planilha à risca e cada SIM que recebia me deixava ainda mais motivado.
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Enfim, no dia 01 de Setembro, recebi a resposta final e poderia viajar para Portugal! Os treinos na represa de Guarapiranga iam de vento em popa e agora só precisava acertar o últimos detalhes antes de embarcar para a competição.
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A Chegada em Portugal
Cheguei em Portugal alguns dias antes da competição para poder me adaptar com a raia e testar o barco que usaria durante a competição, um Filippi, uma das maiores fabricantes de barcos a remo. Nesse tipo de prova, de Beach Sprint, todos os competidores utilizam o mesmo modelo de barco, para deixar a prova ainda mais igual, então não poderia competir com o Berck Coastal Solo.
Com isso surgiu também um dos maiores desafios da competição: estar sozinho, sem um time de apoio. Pode não parecer tão importante, mas em uma prova onde a diferença entre ganhar uma medalha ou não é de menos de 1 segundo, qualquer detalhe que desvie seu foco pode por tudo a perder.
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Nos dois dias de treino antes da competição tive a real sensação da diferença entre o barco que treinei no Brasil e o que usaria na competição, as duas principais: A forma de entrar e sair do barco e a dificuldade em virar o barco na boia. Com pouco tempo para me adaptar, decidi focar na entrada e saída que me fariam ganhar alguns segundos durante a prova.
Prontos ou não, na quinta feira de tarde recebemos o cronograma das eliminatórias. Entraria na raia às 11:40 da manhã contra o atleta grego.
A Eliminatória
Cheguei na praia na sexta feira de manhã pronto para meu maior desafio até então, as eliminatórias de um campeonato mundial, onde os oito melhores tempos classificariam direto para as oitavas de final. Entrei na área de competição preparado para dar meu melhor, mas sem saber o que realmente me esperava pela frente.
Os segundos antes da largada, alinhados atrás da faixa, pareciam eternos, o som das batidas nos auto falantes do evento aumentavam ainda mais a tensão. Um minuto antes da largada é anunciado "One minute, put your boats in the water", agora já não posso mais voltar atrás. Uma longa pausa e então "Get ready", "Attention", "Go".
A prova começa com uma corrida de 50m na areia e a entrada no barco. Largo alguns metros atrás do atleta grego em direção aos 250 metros em slalom até a boia no outside. Contorno as boias com prefeição e chego a última um pouco a frente. A virada não sai como desejada e alinho o barco em direção à praia com meio barco de desvantagem.
Remo os 250 metros finais como nunca e chego a praia com uma pequena vantagem. Aí a parte mais difícil, a corrida praia acima, na areia fofa, com as pernas queimando. Olho para meu adversário, que vem quase ao meu lado, e me atiro em direção a buzina para vencer a bateria.
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Comemoro o resultado como se fosse a primeira vitória de minha carreira, mas ainda sem saber que o melhor ainda estava por vir. Ao caminhar para a área de descanso, meu adversário me chama e aponta para o placar, somos o segundo e terceiro melhor tempo das eliminatórias até o momento. Quase não acreditei quando vi o resultado!
Ainda seria ultrapassado pelo atleta ameriacano algumas baterias depois, mas fechei o dia classificado para a fase final, entre os três melhores remadores de remo de mar do mundo. Agora precisava me preparar para as oitavas de final contra o atleta canadense.
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As Oitavas de Final
Chego para as oitavas, por incrível que pareça, mais tranquilo que para as eliminatórias, talvez confiante pelo tempo que fiz dois dias atrás. Porém toda essa calma vai embora no momento em que alinhamos para a largada.
Novamente "Get ready", "Attention", "Go" e dessa vez largo junto com o atleta do Canadá. Na entrada no barco, porém, recebo uma das pás viradas e acabo cravando o remo na água logo na primeira remada, o que me faz sair quase um barco e meio atrás. Contorno as boias em slalom remando melhor do que nas eliminatórias e chego a boia do outise com meio barco de vantagem.
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Quando então aparece meu maior adversário, a curva na boia. Meu remo escapa quando tento fazer a volta e após algumas remadas no ar perco a concentração e a prova. O atleta canadense já está com a proa voltada para praia e eu parado no outside sem saber o que fazer. Na remada de volta a praia, já desanimado, acabo cometendo erros que me custam a classificação para as quartas de final. Toco a buzina de chegada triste, mas sabendo que dei o meu melhor e tendo meu esforço reconhecido por meus amigos e adversários.
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Dessa forma termino minha primeira participação no mundial de Beach Sprint com a nona colocação geral e com a cabeça erguida para os próximos desafios.
O Futuro
Volto para o Brasil ainda mais preparado do que fui e com a certeza de que ajustando alguns pequenos detalhes posso melhorar muito meu resultado no próximo ano!
Sigo com os treinos, agora com mais apoio e visibilidade e com foco total no próximo mundial, no País de Gales em 2022.
Obrigado a todos que acompanharam essa jornada até aqui. Podem ter certeza que esse é só o começo!!
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